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quarta-feira, setembro 05, 2012

Diário De Classe; a Menina que mudou sua escola através do Facebook.


Aqueles que dizem que a internet não resolve nada, tiveram que, mais uma vez, engolir suas próprias falas e ver uma revolução local maravilhosa acontecendo. Revolução essa, que otimistas apontam como o possível início de algo ainda maior. Se você não sabe nada sobre o Diário de Classe, aqui vai um trecho da matéria do UOL, pra dar uma contextualizada:

Uma aluna de 13 anos de Florianópolis criou uma página no Facebook, o “Diário de Classe”, que vem mobilizando estudantes e professores para denunciar as condições da escola em que estuda. Inspirada no blog de uma menina inglesa que contava sobre as condições da merenda, Isadora Faber conta os problemas que enfrenta em suas aulas e mostra como está a infraestrutura do prédio. 
Entre as postagens, estão fotos com o ventilador quebrado com fios que davam choque, a quadra de esportes sem pintura, vídeos de aulas (ou da falta delas) e comentários sobre a rotina da escola (como quantas aulas foram dadas por professores titulares ou substitutos). Após as postagens, alguns dos problemas da Escola Básica Maria Tomázia Coelho –como uma maçaneta quebrada– foram resolvidos. 
Represálias 
Isadora diz ter sofrido represálias na escola. “Os professores não aprovaram. As merendeiras riam, as pessoas fazem algumas indiretas. Chamaram minha mãe e disseram que eu não podia estar fazendo isso”, contou. 
Ao UOL, a mãe de Isadora, Mel Faber, afirmou que a escola pediu para tirar a página do ar. “A gente foi chamado sim, porque a primeira versão da escola foi pra tirar do ar. A Isadora foi ameaçada por professores. A gente [ela e o pai] falou que apoiava”, disse. 
No começo, a estudante tinha o apoio de uma amiga. No entanto, os pais da outra aluna pediram que ela parasse de alimentar a página. Isadora, então, ficou sozinha. 
“Não é só porque é uma escola pública que não pode ter um ensino de qualidade”, afirmou Isadora. “Todo mundo merece ter o mesmo. Todo mundo no final do mês paga um pouquinho, que vai para as escolas públicas.”
***

bem, primeiramente, esse é um daqueles posts difíceis de se controlar haha

A página “Diário de Classe” alcançou quase 200 mil curtidas. Acreditem ou não, todas as “reinvindicações” da estudante foram [e estão sendo] atendidas! A escola está em REFORMA. Até o bebedouro foi trocado. E os projetos não param por aí. O sucesso é quase inacreditável; a adolescente inspirou outros jovens a fazerem o mesmo e ainda se compromete a divulgar a página de todos que a enviarem. Não. Ninguém nunca esperou por isso. Que uma menina de 13 anos usaria o facebook para revolucionar a educação da sua escola e, quem sabe, criar um marco nacional! É incrível!


Mas aí aparece o problema que tanto me irrita e, como há tempos não acontecia, tem me tirado a paciência. Os pseudos-qualquercoisa. Sabe aquela pessoa que vive reclamando da sociedade na internet, possui pose de intelectual e quando algo aparenta mudança, mesmo que mínima, é a primeira a levantar a bandeira da idiotice e criticar coisas que não fazem o menor sentido ou que não fazem parte da discussão principal? Pois é. Temo que isso possa desanimar alguns “lutadores” e encorajar outros covardes.

Por exemplo, tal fato acontece muito no blog. Sim. Acontece. Alguns leitores possuem a interessante mania de desvirtuar uma discussão, ou se focar em coisas estúpidas. Isso geralmente acontece com alguma pequena e indiferente informação, ou, óbvio, com erros de portuguêis. Esses dias mesmo teve um caso no facebook onde vacilei na concordância. Leitores fofos e maravilhosos comentaram com uma educação incrível, aos quais agradeço eternamente! Outros, sempre donos da verdade e perfeitos, do alto do trono, impuseram o dedo, pois, afinal, aí está, provavelmente, a única chance dessas pessoas mostrarem que sabem algo, e desceram a lenha. Mas não foi por isso que fiquei, realmente, assustado com a arrogância.

Foi no ataque contra a menina de 13 anos. Alguns podem perguntar: por que falar disso e não exaltar as ações dela? Eu espero ter exaltado na primeira parte do texto, espero que você mesmo possa exaltá-la acessando a página, e vários sites de grande porte estão exaltando-a. Por isso, quero focar o texto nesse bando de covarde que criticam saem exalando asneiras.

Me admira analisar esses pseudos. Diante de uma ação tão maravilhosa e incrível como a da estudante, eles conseguem se ater aos mínimos erros de português. Será que a “preservação da tão amada língua” [a pessoa que usa esse argumento deveria estudar o básico de linguística] na boca de uma criança de TREZE anos é mais importante do que a revolução que ela está causando na educação local? Sigam o raciocínio: Em um post onde ela escreveu “Eu vou estar respondendo perguntas no R7 Notícias.”

Dá pra acreditar que muitos patrulheiros da gramática repudiaram a escrita da menina? Eles esqueceram de parabeniza-la pela ação, por estar em um dos maiores portais do Brasil respondendo questões sobre EDUCAÇÃO. Não. Eles preferem se focar no gerúndio de uma menina de treze anos. Comentários maldosos como “sua escola realmente é ruim em…” ou “fala mal da escola, mas mata aula de português”, são de um veneno contaminante. Podem desmoralizar o interlocutor perante alguns leitores desavisados, e encorajar, como já disse, outros covardes como o próprio. Além disso, se vigiarmos a pessoa, tenho certeza absoluta que ela nunca escorrega no gerúndio, na conjugação, na redundância. Imagina [...]


E acreditem, essas pessoas reclamam, pra quem quiser ouvir, sobre os males do Brasil. Mas, opa, quando alguém surge pra fazer algo, pfv, que escreva o português corretamente! Afinal, que exemplo é esse para o brasileiro? Porque, óbvio, para um povo que mal come, mal estuda, mal dorme tranquilamente, a norma culta do português realmente é de importância primordial. Quem viverá sem o pedantismo gramatical?

Todos nós. E muito mió.

Outras pessoas ainda criticam algumas das postagens; por exemplo. Ela tirou foto da escola com o celular. Comentam: “querida, é proibido celular na escola”. Olha só, pena que não é proibido ser hipócrita, né.

Repito: uma menina de treze anos está revolucionando a educação local e certas pessoas a tratam como adulta. Não a tratem como adulta. Um adulto jamais faria o que ela está fazendo [ao menos da maneira como está fazendo].

E por favor, patrulheiros, não venham com essa de “corrigimos para ensinar”, porque, ao menos nesse momento, ela não tem nada pra aprender com você. Pelo contrário. Você tem que aprender com ela. E muito! Como o fato aconteceu com uma criança e ela não tem posições ideológicas, políticas, religiosas que valham a pena criticar, os recalcados se apegam à gramática. Sinceramente? Tenho dó dessas pessoas, porque, sério, elas devem passar por um momento muito chato na vida. Ver alguém fazendo sucesso com méritos deve ser difícil.

Alguns de vocês podem pensar “poxa, mas pessoas assim sempre existem”. O problema é que se você acessar a página Diário de Classe e clicar em algum post assim, verá que o número de pessoas é gigantesco. Muito grande mesmo. Chega a ser lamentável, afinal, todos desejamos uma educação melhor para o Brasil. Por que, então, ao invés de ser pedante com coisas tão pequenas, não nos unimos todos em prol do projeto Diário de Classe? Criou-se uma plataforma bacana, de alta divulgação, que possui um potencial gigantesco. Até onde a ideia pode alcançar, ninguém sabe direito. Mas, só por ela já ter chegado onde chegou, senhores, o feito foi grandioso!


Fonte: Gustavo Magnani

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Autor: Gustavo Padilha
Crítico, escritor, ultra-romântico, poeta. Embora o blog não seja nada sobre literatura, procuro não deixar os velhos costumes de lado. Posto notícias de jogos desde 2010 e críticas 2011, futuramente talvez escrever resenhas de livros ou recomendações.

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